quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Como se relacionar com Deus?



Deus está próximo de nós e, mais do que isso, está ansioso por participar da nossa vida. Ele é quem sempre dá o primeiro passo em direção ao homem. No paraíso, após a desobediência de Adão, é Deus que lhe vem ao encontro em primeiro lugar e o chama: “Adão, onde estás?” (Gn 3, 9). É sempre o Senhor quem vai em busca do homem. Esse chamado de Deus em busca do homem - “’Onde estás?’ – palpita no interior de todos nós o desejo, a sede de Deus. Deus não cessa de atrair o homem para si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” (CIC 27).

 “nosso coração vive inquieto, enquanto não repousar em vós”
 (Santo Agostinho -Confissões nº 01).

O relacionamento do homem com Deus começa com o início da própria existência. Como lembramos no Salmo 138, desde antes de nascer, Deus já olha por nós.
Relacionar-se com Deus não é muito diferente do relacionar-se com um amigo. Nessa situação, o diálogo é fundamental. É através dele que os amigos se conhecem e se dão a conhecer. É conversando que eles aprendem o que agrada a um e desagrada ao outro, o que é bom pra um e ruim para o outro. No relacionamento com Deus acontece o mesmo: o diálogo é a oração. É primordialmente através da oração que nos relacionamos com Deus

A passagem que representa o encontro de todo o homem com o Filho de Deus: a samaritana no poço de Jacó (cf. Jo 4). “Se conhecesses o dom de Deus! " (Jo 4, 10). A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços aonde vamos procurar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar e é Ele quem pede de beber. "Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja. A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede Dele” (CIC 2560).

Como na amizade, o diálogo tem de ser verdadeiro e, na oração, nossas palavras devem ser autênticas. Não podemos cultivar uma relação frutuosa com Deus apresentando-nos apenas com orações decoradas e escondendo o que realmente sentimos. Muitas pessoas não descobrem o valor de um relacionamento sincero com Deus porque não conseguem manifestar a Ele seus reais sentimentos. Vestem uma máscara diante Dele e, não importa o que estejam passando, repetem sempre as mesmas palavras de louvor e adoração. Se nosso espírito está abatido, é assim que devemos nos apresentar a Deus. Se estamos com raiva ou tristes, não podemos fingir que está tudo bem. É a Deus que devemos apresentar nossa raiva, nossa tristeza e todos os nossos sentimentos. A primeira coisa que devemos fazer para conquistar um relacionamento de intimidade com o Senhor é jogar fora as máscaras e apresentarmo-nos diante Dele exatamente como somos.

TIPOS DE ORAÇÃO

Existem diversos tipos de oração. Em cada um, nos apresentamos ao Senhor de uma maneira diferente e contemplamos sua Face de modo particular.

Na oração de louvor, por exemplo, nos apresentamos admirados e agradecidos por suas obras. O louvor não existe apenas para as coisas boas da nossa vida. Se cremos que Deus é amor, compreendemos que até as coisas ruins que nos acontecem são permitidas por amor. Assim, louvamos também pelas coisas que não nos parecem boas. O louvor é a oração do reconhecimento de Deus, ou seja, com o louvor reconhecemos sua majestade, sua glória, seu poder.
Da mesma forma, na adoração, na súplica, na ação de graças, no pedido de perdão e nos diversos tipos de diálogo com Deus, experimentamos sua Graça e sua misericordiosa presença.

Para mim a oração é um impulso do coração,
 é um simples olhar lançado ao céu,
 um grito de reconhecimento e amor
no meio da provação ou no meio da alegria”.
Santa Teresinha do Menino Jesus

É importante destacar que essa oração espontânea é fundamental para construirmos um relacionamento íntimo com o Senhor, porém não substitui as orações ensinadas pela Igreja e que devem ser cultivadas com zelo por todo o cristão. Mesmo na prática de orações recitadas, é preciso que toda nossa alma acompanhe as palavras que recitamos: “

O Rosário, por exemplo, nos ensina a contemplar os mistérios da encarnação assim como Maria os contemplou.

O Ofício das Horas nos leva a consagrar nossa jornada e elevar nossa mente e coração a Deus nos diferentes momentos do dia

. As orações e novenas dos Santos, além de conquistar os frutos de sua intercessão pelo mistério da Comunhão dos Santos, desabrocham em nós o coração suplicante de filhos que clamam.

Um fato concreto que eleva o relacionamento do homem com Deus ao grau da intimidade é a graça vivenciada pela Igreja com maior intensidade nesses tempos: a efusão do Espírito Santo. O Batismo no Espírito derruba toda barreira no coração humano para o relacionamento com Deus.

Os nossos Grupos de Oração são terreno fértil e privilegiado para o desabrochar de um relacionamento fecundo entre o homem e Deus. Mas não só neles devemos buscar esse relacionamento. A oração pessoal é fundamental para crescermos em intimidade com o Senhor. “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á” (Mt 6, 6).

Devemos querer mais, devemos buscar uma amizade profunda com o Senhor, através dos momentos de intimidade. Isso não virá apenas pelo nosso esforço, mas pela Graça. Assim, devemos colocar-nos à disposição do Senhor e fazer a nossa parte, pedindo a graça da intimidade com Deus ao Espírito Santo. Portanto, importa estar sempre aos pés do Senhor. Essa é a pedagogia do Mestre. Ele ensina na ‘escuridão’, falando ‘ao ouvido’: “O que eu vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados” (Mt 10, 27).



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